Parque Estadual Terra Ronca – GO
O Parque Estadual Terra Ronca situa-se a nordeste do estado de Goiás, nas bordas da Serra Geral, divisa com a Bahia.
Exemplo mais rico do Cerrado brasileiro, abrange uma área considerável de mata preservada, com pequenas comunidades ou sítios, estes em vias de desapropriação, mas com pouca interferência na natureza. Aliás, a baixa densidade populacional e a distância das grandes cidades ainda fazem com que as pessoas locais utilizem recursos próprios para viver em paz com a natureza.
O Parque, de relevo cárstico, abriga um dos conjuntos de cavernas mais importantes da América do Sul; estima-se que sejam em torno de 300, contudo este conjunto não é totalmente conhecido. Segundo as informações do guia local, são 11 as cavernas que estão abertas à visitação.
Cachoeiras e rios de águas cristalinas, veredas, grutas, dolinas e paredões de arenito compõem a beleza geológica que abrigam fauna e flora deste ambiente rústico, complementado por espécies do Cerrado, algumas ameaçadas de extinção.
As veredas merecem uma visita especial, onde o silêncio se une aos contrastes de variações de verdes que formam este conjunto tão enigmático e belo. Uma paisagem indescritível!
COMENTÁRIOS DA VIAGEM
Há dez anos fizemos uma viagem por estes lados quando fomos conhecer as maravilhosas cavernas. Belíssimas! Algumas bem fáceis de percorrer, outras nem tanto, mas todo esforço compensa. Desta vez, reservamos uma semana para conhecer melhor a paisagem externa, flora e fauna, especialmente os pássaros.
Havíamos lido sobre um pássaro endêmico, a Tiriba-de-pfrimer (Pyrrhura pfrimeri), tomamos isso como objetivo (na verdade, somente uma desculpa para percorrer todo Parque). Sua localização é bem restrita, do sul do Tocantins até a área do Parque; nesta época ficam mais escondidas próximas aos paredões de arenito, mas na época de floração um capim na beira da estrada, chegam a descer em bandos para se alimentar (entre abril e maio.)
Com o guia mais conhecido da região, Sr. Ramiro, iniciamos nosso passeio pela trilha que leva até o topo da boca da caverna Terra Ronca I. Trilha de fácil acesso, por dentro da mata típica do cerrado de parte alta, muito verde nesta época do ano e sombreada.
Ao chegar ao topo, tem-se uma vista espetacular da boca da caverna e seus paredões vistos de cima, além da extensa área de Cerrado até chegar na borda da Serra Geral, com seus paredões avermelhados de arenito.
Para completar este espetáculo, bem na nossa frente, uma pequena família da Tiriba-de-pfrimer se alimentando. Predemos a respiração e o conseguimos algumas fotos. Foi o melhor início de viagem com este presente da natureza.
Na sequência, visitas à várias veredas espalhadas por todo o Parque: “são caracterizadas por uma topografia amena e úmida, mantendo parte da umidade em estratos de solo superficial e garantindo a umidade mesmo em períodos de seca, tornando-se um refúgio da fauna e flora, assim como local de abastecimento hídrico para os animais.
Recebem este nome por serem caminho para a fauna”. Uma das paisagens brasileiras mais belas do Brasil. Na apreciação do silêncio desta paisagem, somente o som das folhas dos Buritis ao vento, completado com os cantos das araras e periquitos, além de várias outras espécies, que se abrigam neste paraíso.
Para completar, passeando por uma estradinha em meio ao Cerrado, a caminho de mais uma vereda, recebemos outro grande presente: pousado em um galho baixo, um Urubu-rei (Sarcoramphus papa).
Nunca havíamos visto tão próximo; ficamos observando e fotografando por cerca de 15 minutos, quando conseguimos ver todos os detalhes coloridos de sua cabeça e a brancura esplêndida de suas penas. Podem achar estranho por ser um urubu, mas é um dos pássaros mais impressionantes da nossa fauna.
Vários passeios podem ser feitos nesta região. Saindo próximo à Vila de São João, uma estrada de mais de três quilômetros leva a conhecer toda paisagem, principalmente quando se chega à parte mais elevada e, subindo em uma torre de observação, vê-se o Parque em vasta extensão. Por do sol em um horizonte muito verde a perder de vista de um lado e as encostas da Serra Geral no lado oposto: de tirar o fôlego.
Com certeza, uma área nobre do Brasil que precisa continuar sendo preservada e visitada muito mais vezes. Somente um ponto preocupante: em uma vista aérea, pode-se notar o avanço da agricultura no topo da Serra, pelo lado da Bahia, podendo-se de-se ouvir o ruído dos motores dos aviões pulverizando as plantações de soja ao longe.
Saindo do Parque, fomos em direção à Cavalcante, na encosta do Parque Nacional dos Veadeiros. Mas aí é outra história…
DATA
De 15 a 20 de fevereiro de 2014
CLIMA
Este ano o clima foi bem atípico, com tempo muito seco em janeiro e início de fevereiro. Começou a chover dias antes de nossa chegada, continuando com chuvas esporádicas nos dias que estivemos por lá. Temperaturas na faixa dos 20 a 35ºC e céu sempre com algumas nuvens.
COORDENADAS
13 38′ 52″ S 46 24′ 02″ W
Nas imagens abaixo, uma visão geral saindo de Brasília, indo até Guarani de Goiás; daí por terra, cruza-se o Parque; saindo por São Domingos, por terra, chega-se em Cavalcante, Alto Paraíso e Brasília. Ao todo, partindo de São Paulo, foram 3.260 km. Viagem para pelo menos uma semana.
FOTOS
Para ver mais fotos deste passeio acesse as imagens em: PE Terra Ronca